Com a idade fiquei menos impaciente com essa coisa dos segredos. Não é que tenha ficado menos curiosa (muito pelo contrário), mas aprendi a lidar com o desconhecido e o oculto duma forma mais paciente. Ou melhor—aprendi que tentar antecipar ou saber as coisas antes do momento certo não só é impossível como acaba sempre em frustração.
Felizmente, isso não significa que me tenha tornado cínica. Quem se move na indústria musical há muitos anos acaba sempre por desenvolver um certo tique blasé, uma espécie de mecanismo de defesa contra as muitas e inevitáveis desilusões que sabemos estarem sempre a espreitar a cada esquina. Mas enquanto o desgosto é uma certeza desta vida, é também inútil tentar vivê-lo antes de se materializar. Ninguém pode fazer um luto por antecipação.
No fundo, tudo é uma questão de equilíbrio: por cada P. Diddy que surja, há um Nick Cave a contrapor; por cada reinvenção pessoal que vivemos, há uma certa dose de fatalismo que nos impele para o abismo. Se a beleza do mundo parece por vezes paradoxal, é porque existe sempre um novo segredo a ser revelado. E cabe-nos a nós acreditar que desta vez será um dos bons.