Pouco tempo depois de termos iniciado este projecto-família de escritas musicais, conversava remotamente com o Miguel e a Rute sobre os semper novi caminhos da pop quando lhes perguntei: diriam que a Playback é poptimista?
Absolutamente, apressaram-se ambos a concordar. E de facto, olhando para as mais de vinte edições (e mais uns quantos especiais) deste passado ano e pico, a verdade é que não só levamos a pop a sério como lhe damos um destaque excepcional—apesar de nunca ser algo propositado a nível de planificação. Acontece normalmente por puro interesse (e por vezes feliz coincidência) de quem aqui escreve com regularidade.
No entanto, quem olhasse apenas para esta edição poderia pensar que a Playback se dedica de forma desmesurada ao que de novo se faz no rock em Portugal. Tirando o soberbo texto da Ana Margarida Paiva, quis o acaso (ou a tal feliz coincidência) que o foco fosse desta vez a tal “jarda catártica” tantas vezes mencionada por quem tenta descrever um concerto dos 800 Gondomar. O “cacófato tech-kraut industrial demoníaco” dos MAQUINA. A rebeldia e a autenticidade dos Malfeitores.
Como mãe extremosa que sou, amo todas as edições da Playback da mesma maneira e com a mesma devoção. Mas talvez esta tenha ganho um lugarzinho especial no meu coração por demonstrar o quão abrangível e heterogéneo é o território que acabamos por cobrir ao seguirmos pura e simplesmente o nosso instinto. Tudo isto existe, e tudo isto é fado. E o verdadeiro fado também se faz de rock.