pikika não pede licença para entrar – e ainda bem. Margarida, de seu verdadeiro nome, tem vindo a construir, passo a passo, o seu espaço com uma identidade muito própria, sem medo de misturar influências ou de transformar a melancolia em movimento. Agora, com SOZINHA E MAL ACOMPANHADA, o seu primeiro EP lançado a 5 de fevereiro, assina em definitivo o seu nome no panorama da música nacional. 

Composto por seis faixas, este trabalho é uma dança entre a introspeção e a celebração, entre a solidão e a eletricidade de quem não quer ficar quieto. R&B, ritmos latinos e um fio condutor de vulnerabilidade fazem deste EP um reflexo cru e sincero da artista, onde cada batida parece tanto um desabafo como um convite para dançar. Produzido por nomes como Agir, Bella Saint, D’Ay, FRANKIEONTHEGUITAR, Holympo e Lunn, SOZINHA E MAL ACOMPANHADA não é apenas uma estreia, é uma afirmação.

Neste universo onde se chora a sorrir e se dança sem certezas, pikika pinta emoções com batidas e palavras certeiras. Em entrevista à Playback, a artista conta como tudo começou e fala sobre todo o processo de construção do EP.

Capa SOZINHA E MAL ACOMPANHADA
Capa SOZINHA E MAL ACOMPANHADA
Queria conhecer um pouco mais a Margarida que é, na verdade, o teu nome verdadeiro. Gosto muito [risos]. Começa por explicar-me este ‘pikika’.

[Risos] Na verdade, a história é muito simples. Eu não sabia dizer Margarida. Quando comecei a falar, cada vez que a minha mãe me pedia para dizer Margarida, eu dizia ‘pikika’ e ficou para sempre – para toda a gente, desde amigos a professores. Não fazia sentido, mais tarde, quando quis avançar com a música, ter outro nome senão este, porque não me considero bem Margarida.

Sei que nasceste e foste criada em Portalegre, no Alentejo. Foi lá que a música começou a ganhar espaço no teu coração?

Sim-

E como é que tudo aconteceu?

Sempre ouvi muita música. Sempre foi uma coisa que me aliciou muito. Logo que tive a oportunidade de ir para o Conservatório fui, tinha nove anos e decidi aprender a tocar guitarra. Estive lá cinco anos. Mais tarde, comecei a perceber que conseguia acompanhar a cantar. No conservatório, focamo-nos muito na parte clássica, na teoria, etc, mas entretanto percebi que tocar e cantar ao mesmo tempo era uma cena e, a partir daí, nunca mais parei.

Sentes que a tua terra-natal, de alguma forma, moldou-te artisticamente? Se tivesses crescido noutra cidade, achas que a tua música soaria diferente?

Sim, acho que sim e acho que quando as coisas acontecem é porque têm que acontecer. Sinto que moldou muita coisa: a forma como sou, como canto e como me expresso. É uma terra muito calma. Por exemplo, tinha muito o hábito de vir da escola, fechar-me no quarto até à hora de jantar e ficar lá a tocar. Depois de jantar a mesma coisa. Sempre muito baixinho, porque não queria incomodar ninguém. Portanto, essa calma que existe [em Portalegre], que não existe tanto em Lisboa, onde vivo agora, acabou por moldar um pouco a forma como canto, especialmente, que é de uma forma muito suave. E mesmo o facto de desde sempre cantar muito baixinho para não incomodar ninguém talvez também tenha, de certa forma, influenciado. Mas lá está, acho que tudo o que nos molda é porque tem que ser assim.

Quando é que te mudaste para Lisboa?

Aos dezassete anos.

Sendo que estamos a falar de duas cidades completamente opostas uma da outra, a mudança foi complicada para ti?

Opostas, sem dúvida, mas acho que as duas cidades me completam. Por exemplo, estou agora em Portalegre, e é uma calma que por si só já não me satisfaz. Continuo a gostar, mas ya. Assim como Lisboa por si só também não me satisfaz. Não dá para escolher uma só-

Complementam-se, basicamente.

Sim, exatamente.

Ora estavas em casa a cantarolar enquanto davas uns toques na guitarra, como de repente estavas a participar no projeto em homenagem a Sérgio Godinho (SG Gigante) e nos discos de Van Zee e Ivandro (do.mar e Trovador, respectivamente). Como é que tudo isto aconteceu?

Sempre fui expondo os covers que fazia e até cheguei a partilhar duas músicas compostas por mim. Na altura da pandemia, havia aquela rede social que era o Clubhouse, que oferecia salas virtuais e permitia que as pessoas conversassem e mostrassem os seus talentos, e eu estava sempre nessas salas. No fundo, acho que era uma companhia para muita gente e para muitos artistas durante a pandemia. Além de também ter sempre interagido no Instagram, se bem que sempre fui um bocado reservada. Mas ya, foi no Clubhouse onde o MIGZ, o produtor, me ouviu pela primeira vez. Depois, mais tarde, mandou-me mensagem a dizer que ia haver este projeto [SG Gigante] e que queria dar oportunidade a uma voz feminina que ninguém conhecesse. Nessa altura, ele já tinha acordado fazer com o xtinto. Era o Fumaxa, o MIGZ e o xtinto. Depois fizeram-me o convite e, na altura, até achei que era scam [risos]. ’tou a gozar [risos], mas achei que era mentira, fiquei tipo “isto não me está a acontecer”. Fiquei super contente. Aceitei, fizemos o som juntos e foi uma experiência inesquecível. Foi a partir daí que, se calhar, tudo começou, porque foi onde tive mais visibilidade para outras pessoas do meio.

Olhas para estes acontecimentos enquanto alavanca de crescimento artístico?

Não olho tanto como uma alavanca de crescimento artístico, mas mais como… Imagina, tinha mesmo que ser assim. Lá está, se aconteceu desta forma é porque tinha que acontecer. Por exemplo, com o projeto do Van Zee, tudo começou porque eu fui dar-lhe o props da música dele, porque tinha ouvido a “Perto“, ele agradeceu e, passado duas semanas, disse-me “tenho um som para o meu álbum e adorava que fizesses parte”. Mais uma vez, fiquei super contente. O que eu senti com todos esses projetos foi que a fusão da minha arte com a dessas pessoas estava a fazer-me crescer enquanto pessoa. Ou seja, vai além do meu crescimento artístico, é uma cena mais interior. É uma coisa muito genuína e muito pura. Para mim, foi mesmo uma honra ter participado em todos esses projetos.

Portanto, sentes que estes projetos contribuíram muito mais para o teu crescimento pessoal.

Sim, é isso mesmo, no sentido em que, pela primeira vez, estás a compartilhar a tua arte com outras pessoas. Nunca tinha tido essa experiência. Todas as canções que tinha lançado na altura, que tinham sido só duas e foram lançadas no SoundCloud, chegaram a estar no… A “Camomila” ainda hoje está no Spotify. Mas eram coisas minhas. E quando tens essa oportunidade de fundir a tua arte com a do outro é uma coisa única. Foi muito bonito, ainda mais porque aconteceu com pessoas que admirava bastante, então ya.

No podcast “Catarina Palma Apresenta…” da Antena 3 mencionaste que trabalhavas no digital e despediste-te para te dedicares a cem por cento à música. Foi, de facto, muito corajoso da tua parte. Acreditas que se não o tivesses feito não estarias onde estás agora?

Por ser uma coisa que sempre quis, acredito que estaria onde estou agora, fosse agora ou mais tarde, mas o chamamento foi mesmo naquela altura, sim.

A solo, começaste por lançar “Camomila” e seguiram-se os temas “Teima”, “longe.com”, “love fora de stock”, “sonhei contigo”, “moreno” e “tenho de pensar”. No entanto, nenhum deles está presente no teu EP. Algum motivo em especial?

Este EP foi toda uma história que eu quis construir de raíz, inclusive tem uma ordem, enquanto que esses temas estão relacionados com outras coisas. Como é que hei-de explicar… [Risos] Esses temas vão ter lugar daqui para a frente. Para este EP, queria uma coisa mesmo conceptual. Por essa razão é que eles não entraram.

O título do EP, SOZINHA E MAL ACOMPANHADA, sugere um caminho que desagua na solidão e na autossabotagem. Ao ouvir as canções, sente-se um processo de introspecção e desgaste emocional. O que te levou a esse lugar?

O que leva a este lugar é sobretudo a consciência que existe ao longo dos anos que vamos vivendo, de percebermos onde é que se erra, por que é que somos tão aliciados por certos padrões e por certas emoções que não podemos deixar de viver. Atenção, acho que nunca podemos deixar de viver todas as emoções que estamos a sentir, porque privar-se de emoções é uma coisa que não acho que seja saudável. Em conversa com muita gente que tenho à minha volta, apercebi-me que muitos se relacionam com isto, com esta coisa de tu conheceres alguém, efetivamente a história não resultar e chegares a uma certa consciência – tu percebes, que se calhar não resulta pelo chip e pelos traumas que tu tens. Na verdade, todas as músicas falam sobre isto, cada música é quase como se tivesse a sua própria fase. Mas ya, acho que é muito importante haver essa consciência, porque não significa que é falta de amor-próprio; aliás, essa consciência até contribui para um maior empoderamento. 

Quando deste início ao processo de escrita, já partiste dessa consciência ou foi algo que se foi desenvolvendo?

Primeiro fui escrevendo as canções, e só mais tarde é que fui entendendo o conceito. Obviamente que houve canções que só foram terminadas após ter o conceito, mas partiu sobretudo das canções, e por acaso a primeira que foi escrita foi a “só se for hoje”, que é a última e que levou muitas voltas até sair. Ou seja, a primeira a ser começada mas das últimas a ser terminada.

Fotografia: Sónia Silvestre
Fotografia: Pilar Almeida
Há pouco mencionaste que cada tema representa uma fase e existe uma ordem. Se ouvirmos o EP de trás para frente, ele muda de significado? Ou seja, há uma narrativa que pode ser lida de diferentes formas dependendo da ordem de escuta?

Olha que boa pergunta que fizeste agora [risos]. Talvez se ouvires o EP de trás para a frente…

[Risos] Atenção que ainda não o ouvi de trás para a frente. Isto surgiu-me agora. Mas depois disto vou definitivamente fazê-lo.

Foi uma pergunta que não estava mesmo nada à espera [risos]. É uma ótima pergunta, porque o EP é, de facto, um ciclo. Exato. Ok, então se calhar se ouvires o EP de trás para a frente, em vez dos medos e dos traumas virem primeiro ao de cima, vem a consciência. Mas lá está, vai voltar ao mesmo sítio-

Porque é um ciclo, lá está.

Exato, até porque o EP começa na “festa bem louca”, onde eu digo “se me estás a chamar eu vou”, e termina com a “só se for hoje”, em que o refrão diz “chama-me, chama de novo”.

Há logo aí uma ligação.

Sim, sim.

Tens vindo a descrever a tua música como “melancólico-dançante”. De facto, há uma melancolia e um certo desencanto recorrente nas tuas letras. No entanto, pelo meio, sentes que há também, da tua parte, momentos de catarse e redenção?

Sim, não é só melancolia, de todo. Como disse há pouco, cada música é quase como se tivesse a sua própria fase e, portanto, não explora única e exclusivamente isso [a melancolia]. Imagina, a parte da libertação surge quando há a consciência de que, se calhar, não mereces estar naquele lugar. Por exemplo, a “frágil” é uma música que fala muito disso, tal como a “culpada”, em que tens a consciência total de que as coisas não resultam por ti. Na minha opinião, tomar consciência das coisas é o primeiro passo para a libertação. Descrevo a minha música como “melancólico-dançante” por estar sempre associada a alguma coisa menos boa que aconteceu e, ao mesmo tempo, por haver sempre uma esperança das coisas ficarem melhores. Os ritmos também são sempre um bocadinho mais felizes e, por vezes, a própria parte lírica não é toda ela melancólica, tem dias [risos].

Sinto cada vez mais que o processo de escrita de canções é ficar numa posição de vulnerabilidade, ainda mais quando o fazes através do português. Sentiste, em alguma faixa, que te expuseste mais do que imaginavas?

Senti em duas, na verdade. Senti na “inocência”, que talvez seja a música mais vulnerável por falar da fase boa mas também dos medos que já estão a aparecer. Senti também na “culpada”, lá está, por estar a expressar a consciência de que a culpa é minha. Senti nas duas isso, mas se calhar até mais na “inocência” por ser uma música bonita em que o que estou a escrever não é uma entrega total à outra pessoa e os medos já estão a pairar na minha cabeça.

Nunca te sentiste, digamos que, desconfortável ao expor a tua vulnerabilidade? É que a partir do momento em que lanças as tuas canções elas deixam de ser só tuas e passam a ser também de quem as ouve.

Não, até diria que é o lugar mais confortável, porque independentemente das outras pessoas ouvirem ou não, acho que é sempre uma mais-valia por saber que pode ser tão relatable. Mas independentemente disso, o facto de expressar a minha vulnerabilidade é o que me ajuda a crescer e isso-

É terapêutico para ti?

Sim, cem por cento, desde sempre, e isso é o mais especial que há na música, para mim.

Se este SOZINHA E MAL ACOMPANHADA fosse uma carta aberta, a quem seria? Uma versão tua do passado, alguém em específico ou talvez um público que se identifique com estas histórias?

É sobretudo uma carta aberta a todas as pessoas que precisam de ganhar uma consciência, de perceber o que é que está a acontecer e porque é que se trata de um ciclo. No entanto, começou como uma carta aberta a mim, sem dúvida.

Numa entrevista que deste ao Rimas e Batidas disseste que a tua música tem sido “uma fusão de vários estilos e várias coisas que eu ouço e sou” e este EP parece-me ser mais um exemplo disso. Diz-me então: o que é que tu ouves e quem és tu?

Olha, ouço muita coisa e sou muita coisa [risos]. Sempre ouvi muito flamenco. Na verdade, acho que a parte da intensidade das músicas e até mesmo certas métricas estão muito associadas ao flamenco. Depois, a parte mais calma, talvez esteja mais relacionada à bossa nova, que também ouço muito. Ouço também diariamente muito afrobeat, dancehall e R&B. Mas ya, acho que essa fusão de estilos tão diferentes em que uns pintam a calma, outros a intensidade das coisas, alguns uma certa raiva e outros uma sensualidade mais apurada, e o facto de gostar tanto ao ponto de querer profundi-los a todos nas minhas canções, é talvez o que torna a minha música tão própria. É o mais aproximado que tenho de mim. É muita coisa ao mesmo tempo. É assim que me considero enquanto pessoa, de ter muita coisa dentro da cabeça, muitas emoções, e durante um dia inteiro poder ouvir quase tudo porque a minha vida é mesmo assim, nada linear. É isso de que eu gosto e é isso que eu tento transpor para a minha música.

Mesmo quando a melancolia toma conta da letra, o ritmo continua vivo, quase como se o corpo não aceitasse ficar parado na tristeza. Isso é muito bonito. Consegues fazer com que a melancolia não sufoque o movimento e o ritmo não apague a emoção. É um contraste que procuras conscientemente ou simplesmente acontece?

Não se procura por tão natural que é. Imagina, se eu estiver triste e quiser escrever uma música sobre essa tristeza, acho que encontrar a beleza nessa tristeza é que vai tornar as coisas um bocadinho mais dançantes, e vice-versa. Ou seja, também podemos estar felizes e encontrar certas emoções que não são assim tão boas. Lá está, esse contraste é tão natural que não se vai procurar porque ele existe. É o facto de uma só emoção nunca chegar. Há sempre um leque de coisas à volta que se complementam.

Neste EP, tiveste uma equipa de produtores de luxo envolvida. Ainda no podcast, confessaste que preferes “estar num estúdio com um producer do que trabalhar sozinha. Porquê?

Honestamente, acho que às vezes fico mais tímida sozinha. Não sei bem explicar [risos]. Por exemplo, eu estou sempre a escrever e escrevo mesmo muito sozinha. Mas imagina, fazer a música num momento, para mim, torna as coisas muito mais especiais. Se calhar, não é bem ficar mais tímida sozinha, se bem que isso às vezes também acontece. Mas, por exemplo, geralmente quando estou num estúdio com um producer e ele mete um beat e é aquele beat que vamos trabalhar, eu quero fazer naquele momento. Não quero tipo “ah, não acabei, depois escrevo em casa”. Não. Prefiro fazer tudo naquele momento. É mais por aí, é mais pela emoção. Ou seja, posso já ter certas coisas escritas, mas a emoção só vai pegar quando ele mostrar o beat e eu prefiro acabá-la lá, no momento. É isso.

Já agora, fala-me sobre o processo criativo deste EP. Surgiram primeiro as melodias? Surgiram primeiro as letras? Como funcionou tudo? 

Cada canção foi uma situação diferente, mas posso dizer que talvez as primeiras coisas a surgir foram quase sempre as letras, talvez porque eram coisas que ia sempre pondo nas notas do telemóvel. Depois, à medida que as sessões de estúdio iam acontecendo, cada música ia sendo feita, mas todas diferentes ya.

Deste alguns toques na produção?

Sim, em algumas músicas.

Vês-te a dedicar-te mais a isso num futuro próximo?

Sim, talvez. Sempre tive um bocado a cena de compor sozinha. Tudo o que eu componho é muito à guitarra. Por enquanto, é a única parte em que eu me consigo envolver, ou seja, a parte mais técnica de produção ainda não me atinge [risos].

Em “culpada”, Lhast surge ao teu lado. Sendo que é a única colaboração presente no EP, porquê chamar o Lhast?

Na verdade, eu já queria trabalhar com ele há algum tempo. Fiquei muito viciada na “EViL” e, sobretudo, na “VALENCIA” que faz parte de um disco que ele lançou, Cold Summers & Warm Winters. Desde aí que fiquei tipo “ele consegue fazer a fusão de estilos que eu gosto e eu quero imenso trabalhar com ele”. Como? Não faço ideia [risos]. Quando fiz a “culpada” com o Lunn, nós estávamos os dois em estúdio… Já tinha conhecido o Lhast, mas não tinha afinidade nenhuma para perguntar fosse o que fosse, até porque nunca tinha estado nessa posição de convidar alguém para fazer um feat comigo. E, do nada, nós [eu e o Lunn] fizemos o primeiro verso, o refrão e o segundo verso da “culpada”. Desde o início, o Lunn tinha uma parte de um beat que soava quase como um chamamento, dando mesmo a sensação de que alguém ia entrar. Já estávamos para ir embora do estúdio, ele mete a canção a tocar para vermos o que é que faltava fazer e quando dá essa parte eu disse “e agora entrava o Lhast”. O Lunn olhou para mim e respondeu “então, manda-lhe mensagem” e eu “não, tenho vergonha, não consigo” [risos]. E ele continuou “ah, eu posso mandar, mas acho que era melhor se fosses tu” e eu acabei por mandar e o Lhast respondeu logo do tipo “gostei mesmo bué, ‘bora gravar isso”. Gravámos uma semana depois de lhe ter mandado mensagem e, ainda por cima, ele chegou com dicas para a “tenho de pensar”, outro som meu, e eu fiquei tipo… Isto foi a cena mais pura e mais genuína, tinha mesmo de ser ele. Sabia que era ele desde o momento em que ouvi a canção.

E ainda bem que seguiste a tua intuição porque ficou grande som.

Obrigada! Mas ya, não houve ali qualquer tipo de hesitação, foi uma cena mesmo bué pura e especial.

Por fim, para aqueles que são consumidos pelo medo de investir a cem por cento naquilo que realmente gostariam de fazer, que conselho darias?

Diria para investirem sempre nos sonhos que têm, porque nós tomamos a vida como garantida, achamos que há tempo para tudo e pode não haver. Não é preciso nenhum susto, não é preciso o que quer que seja para fazermos aquilo que gostamos. Não devemos deixar para depois. Não é tipo “ah, só vou usar aquele vestido que eu gosto numa ocasião especial”; pode não haver essa ocasião, é melhor usar agora. É o meu conselho.

Fotografia de destaque: Mike Blanco

Nascida e criada em Aveiro, mas com a Covilhã sempre no coração, cidade que a acolheu durante os seus estudos superiores. Já passou pelo Gerador, e pelo Espalha-Factos, onde se tornou coautora da rubrica À Escuta. Uma melómana sem conserto, sempre com auscultadores nos ouvidos e a tentar ser jornalista.
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