Em 2020, os YAKUZA apresentaram-se ao mundo com AILERON, excelente disco de estreia onde, entre a devoção ao tuning e a bandas sonoras de videojogos como Gran Turismo ou Ridge Racer, o coletivo lisboeta se tornou na figura de proa do nu jazz português que brotou no início da década.

Volvidos quatros anos e muitos concertos depois, os YAKUZA regressaram aos álbuns no final de 2024 com 2 – o selo é da Disco Interno. Afonso Serro (teclas), Afta3000 (baixo), Pedro Ferreira (guitarra) e Pedro Nobre (percussão) deixaram de lado a sua veia shibuya-kei para embarcarem numa viagem sonora que os aproxima mais de uma banda de rock que, por acaso, toca jazz de fusão extremamente catita. É a veia punk do coletivo a surgir mais presente na sua sonoridade, uma veia que distingue YAKUZA de outros dos projetos de nu jazz português que surgiram nos últimos anos. E o jazz pode bem ser o que os músicos que o tocam fizerem dele, não é assim?

Para entendermos mais sobre o universo de 2, um dos discos mais aclamados de 2024 pela crítica nacional, a Playback foi beber finos com Afonso Serro numa tasca – como só poderia ser para falar de um álbum também ele inspirado pelas vivências da banda em sítios onde o fino é à pressão e o bitoque é oleoso.

Capa 2
Capa 2
Tocaram algumas das malhas incluídas no 2 ao vivo durante os dois anos anteriores ao lançamento do álbum. A rodagem das canções ao vivo influenciou de alguma forma a gravação delas em estúdio?

Influenciou. A maneira como tocamos ao vivo é uma grande influência na composição. Houve momentos em que decidimos regravar uma linha de baixo ou um riff de bateria porque ao vivo ia soar mais fixe. Agora, se as canções que gravamos ficaram com a mesma estrutura de quando as compusemos? Não exatamente. Pessoas diferentes tocaram as canções ao vivo e em estúdio. Há partes de algumas canções que ainda foram compostas quando era o Alexandre Moniz a tocar bateria – e o Alex já saiu de YAKUZA há bué. Como depois tocamos essas canções ao vivo com pessoas diferentes, elas foram evoluindo para outro lugar que não o inicial quando as compusemos. Portanto, acho que sim, A nossa performance ao vivo está intrinsecamente ligada com as nossas sessões de estúdio.

Sentem que o 2 representa mais aquilo que YAKUZA é ao vivo em comparação com o AILERON?

Boa questão. Acho que representam os dois igualmente, mas também é por isso que são ambos diferentes. O primeiro disco de YAKUZA foi lançado em 2020 e o 2 é de 2024. São quase cinco anos entre álbuns. Portanto, são discos diferentes porque a banda também é diferente. Somos diferentes individualmente por causa do que aconteceu nas nossas vidas e ouvimos outras músicas, outras influências. A música reflete isso tudo também. Ambos os álbuns de YAKUZA são característicos da nossa vivência, personalidade e mote artístico ou estético da banda. Só que um acaba por representar YAKUZA em 2020 e o outro representa YAKUZA em 2024.

Sobre a estética de YAKUZA, na altura do AILERON foram muito colados à cena de tuning e de jogos de automóveis como o Gran Turismo ou o Ridge Racer. Contudo, esteticamente o 2 distancia-se desse universo. Isso foi algo que aconteceu por causa das vossas vivências ou foi uma decisão consciente afastarem-se desse universo?

Foi algo consciente. Estávamos um bocadinho fartos de ler coisas sobre a banda a falar sobre néon japonês, para te ser sincero, e tentamos desligar um bocado disso. A verdade é essa. Obviamente que não nos estávamos a impedir de fazer algo porque poderia soar muito à banda sonora de Gran Turismo, por exemplo. Mas certamente não fizemos outro videoclipe sobre carros nem fizemos uma música chamada “KATANA”. O nome da banda continua a ser um nome japonês, isso é facto. Mas não teve nada a ver diretamente com a Yakuza japonesa. O nome veio por causa do GTA III e porque achamos que a fonética da palavra Yakuza era fixe [risos]. Refletindo melhor, se calhar devíamos ter mudado de nome. Mas isso se todas as bandas refletissem melhor, quase todas trocavam de nome se pudessem.

Eu perguntei sobre a cena dos videojogos porque no passado disseram que a estética ligada ao tuning surgiu “acidentalmente”. Mas agora com o que contas sobre o nome da banda ter vindo do GTA III, de alguma forma esse universo esteve lá a influenciar desde o início de YAKUZA.

Sim, e nomeadamente videojogos de carros. As bandas sonoras de videojogos, para mim, sempre foram uma grande influência. Mas passaram-se quatro anos entre álbuns e deixou de ser uma influência tão grande. Claro que ficou marcado em todas as pessoas que fazem parte de YAKUZA, sejam elas quem sejam [risos], essa influência. Mas agora já não é uma influência tão grande. No futuro, pode voltar a ser.

O que foi uma maior influência na criação deste 2?

Não dá para apontar o dedo a uma só influência. Foi muita coisa. A minha namorada influenciou-me. O bebé do Afta influenciou-o. O meu regresso à ESML [Escola Superior de Música de Lisboa] influenciou-me porque levou-me a ouvir muita música clássica. Isso foi uma grande influência também.

Acho que uma coisa que distingue o 2 do AILERON é que o álbum foi produzido para soar como um disco de rock e não como um disco de jazz.

Olha, música rock foi uma grande influência, sem dúvida. Porquê? Nós sempre partilhamos palco, e não só com YAKUZA, mas também com outros projetos onde estamos envolvidos, com bandas como os 800 Gondomar, por exemplo. Com YAKUZA, vinculamos imenso essa relação. Não vamos tocar a um festival de jazz, mas somos chamados para tocar num festival para partilhar palco com os Linda Martini ou os Sunflowers, por exemplo. Estarmos inseridos nesse circuito influenciou-nos bastante nesse aspeto, levou-nos a ser mais “rock”. Agora, não me perguntes como é que YAKUZA se inseriu nesse circuito, porque eu não sei responder a isso [risos]. E nós nunca paramos propriamente de fazer rock. Eu toquei bateria num projeto que era uma cena estilo Don Caballero e o Ferreira continua a tocar com Quelle Dead Gazelle. O Afta é talvez o único de nós que não toca rock [risos] mas é o gajo mais metaleiro do baixo que conheço.

Fotografia: Mariana Correia
Fotografia: Mariana Correia
Eu vi YAKUZA três vezes ao vivo nos últimos anos e senti que dessas três vezes, tive três experiências completamente diferentes. No Party.Sleep.Repeat em 2023 vi um concerto que foi mais dançável do que aquele que vi na Musa uns meses mais tarde e certamente bem menos rock do que aquele que vi na apresentação do 2 na Galeria Zé dos Bois no final de 2024.

Esses concertos de 2023 ainda corresponderam à fase antiga de YAKUZA. Aquilo que viste na ZdB já foi a nova fase de YAKUZA, onde assumimos mesmo o rock. Tecnicamente, o que quer isto dizer? Colocamos distorção em tudo, metemos a bateria mais alta na mistura ao vivo.

O Pedro Nobre, que foi quem gravou as canções do 2 em estúdio, nem sempre está disponível para tocar com vocês ao vivo. Na ZdB, por exemplo, foi o Luís Possollo que vos acompanhou em palco e notou-se que ele toca com força. Trocam de chip conforme quem toca com vocês ao vivo?

Sem dúvida. Também é importante ressalvar, contudo, que desde que lançamos o 2, ainda não tocamos com o Pedro Nobre e ele toca mais “baixinho” [risos]. Só tocamos com o Luís por agora. Haveremos de tocar com o Nobre quando ele conseguir e não sabemos como é que isso vai funcionar ainda. Se calhar, vai ser menos rock do que é agora. Vamos descobrir.

Disseste para não perguntar, mas vou [risos]. Porque sentes que YAKUZA está mais inserido no mesmo circuito que bandas como 800 Gondomar ou Sunflowers do que no circuito de jazz?

Eu não sou programador e, por causa disso, não tenho grande autoridade para falar sobre o assunto. Mas acho que é por YAKUZA ser dançável. O pessoal gosta de dançar. E quando tens uma banda como os MAQUINA. que arraste pessoas porque fazem música que mete toda a gente a dançar, a malta começou a perguntar: quem é que mais mete pessoal a dançar? E nós metemos pessoal a dançar. Agora, além disso, acho que há outra coisa. Quando falei de partilhar palco há bocado, literalmente estava a falar de partilhar o backline. Por exemplo, se formos tocar num festival com os MAQUINA., podemos utilizar o kick, os pratos e o amplificador do Halison [baterista dos MAQUINA.]. Uma banda de jazz, normalmente, não vai usar a bateria do Halison. Não dá. Mas para nós dá. Então, acredito que estas questões logísticas e práticas também ajudaram a que nós entrássemos nesse circuito. Agora, nós também queríamos estar nesse circuito de qualquer maneira. A nossa identidade de banda também vem daí já. Sempre que tocamos um festival mais “alternativo”, isso leva-nos a que vamos tocar a mais festivais desse género e menos a festivais de jazz. Acabamos por nos afastar da cena de jazz erudito e académico e, honestamente, ainda bem. Não queremos tocar nesses sítios. Agora, como estamos ainda a soar mais rock, então é que os programadores não vão ter nenhum problema para meter YAKUZA a tocar a seguir Sunflowers [risos].

Fotografia: Mariana Correia
Fotografia: Mariana Correia
Eu admito que fiquei a pensar mais nesse assunto quando vi a lista da jazz.pt de melhores álbuns nacionais de jazz de 2024 e vi que nem estava lá o vosso álbum como também não estava o álbum de malta como a LANA GASPARØTTI ou os Mazarin. Acham que a malta ligada ao jazz mais “tradicional” ainda está de olhos fechados para estes projetos?

Não sei se eles fecham os olhos. Se calhar gostam secretamente, mas não podem dizer [risos]. Eu adoro jazz académico. Não o pratico, mas amo. Mas tu para praticares esse estilo de música, tens de viver aquele estilo de vida também. E esse estilo de vida não se coaduna com o nosso estilo de vida. Se vamos para um festival e temos o soundcheck às 10 da manhã, mas só vamos tocar às 23, que vamos fazer até lá? Vamos ficar a beber cervejas e vamos tocar bêbados se for preciso. Tu não podes tocar o jazz “tradicional” assim e a malta ligada a esse mundo sabe disso. Eles sabem que não somos uma banda “apta” para tocar esse jazz. E outra coisa. Tecnicamente, o nosso jazz não é muito exigente, mesmo que toquemos com o João Mortágua, que é dos melhores saxofonistas portugueses, ou com o Diogo Duque. Nesse sentido, entendo porque é que o álbum de YAKUZA não aparece na lista da jazz.pt. Isso não faz com que eles deixem de gostar deste tipo de jazz na mesma – podem é não o admitir. O jazz, em Portugal, ainda é um meio musical e estilo de vida cheio de tabus. Ainda é um tabu gostares de rock, por exemplo. É uma estupidez, mas isso ainda acontece. Os tabus têm diminuído com o tempo, mas ainda existem.

Sentes que existe uma relação entre YAKUZA e alguns desses outros projetos de jazz que referenciei? Pessoalmente, sempre senti que YAKUZA tem uma aura mais punk do que a maior parte desses projetos com que são muitas vezes relacionados a nível sonoro.

Somos pessoas do mesmo meio, mas isto é como tudo. Há malta que está verdadeiramente a fazer música, e é quem desbrava terreno, e depois tens malta que vem atrás e tenta fazer uma coisa mais premeditada, mais metódica. Nós não fazemos isso. Agora, acho que se calhar algo que liga estes projetos todos é que são todos grupos que fazem groove. Nesse sentido, existe uma ligação. Mas nem eu nem o resto do pessoal de YAKUZA nos identificamos muito com as outras bandas. Não sinto que aquilo que fazemos está particularmente ligado aos Bardino, por exemplo. A música deles é boa, mas não sei se tem alguma coisa a ver com aquilo que fazemos. Há malta que nos vê dessa maneira, mas nós não nos vemos assim. Entendo que dá jeito colocar as coisas em caixinhas e nós calhamos na caixinha de algumas bandas ou projetos que se calhar faz sentido estarmos nessa caixinha para algumas pessoas. Agora, se as peças que estão dentro dessa caixinha são iguais? Acho que não. 

Em 2020, o Rui Miguel Abreu escreveu que projetos como YAKUZA eram formados por músicos cuja “biblioteca era o Spotify e cujo clube era o Youtube”. O mundo online influenciou de alguma forma o percurso de YAKUZA?

Há coisas que não seriam referências para nós sem a Internet, seja o city pop, música de tambores do Mali ou música de guitarra do Vietname. Temos todos Internet em casa e ouvimos um pouco de tudo, mas não sei se isso é assim uma influência tão grande. Nós não seguimos muito os lançamentos, estás a ver? Não seguimos outras bandas, ponto final. Seguimos mais outras coisas, como bandas sonoras. O que nos influenciou? Por exemplo, o genérico de Twin Peaks é uma grande influência. Percebes? Cenas assim do género. Não sei se a biblioteca do Spotify foi uma grande influência para aquilo que fazemos com YAKUZA.

Sim, mas por exemplo, onde ouviam a música da editora kpm?

Ouvi os discos da kpm pelo Youtube, tens razão. Porque eram cenas que não estavam no Spotify e foi uma fase onde descobri muita música através do Youtube. Mas isso é uma influência bué antiga, sobretudo para mim e para o Ferreira. Acho que na altura o que o Rui Miguel Abreu quis dizer é que somos influenciados por um bocadinho de tudo. Nós não estamos mesmo a tentar pertencer a uma cena ou a imitar uma banda. Raramente discutimos entre nós o que andamos a ouvir ou raramente mostramos coisas uns aos outros. Nós mostramos é vibes uns aos outros, estás a ver? [Risos]

Em novembro, disseram ao Rimas e Batidas que foi inédito todos terem composto para este segundo álbum de YAKUZA. Que diferença sentiram entre a conceção do AILERON e deste 2?

Foi mais orgânico e democrático o processo. Para o AILERON, geralmente uma pessoa aparecia com uma música composta, mais ou menos estruturada do início ao fim, e todos juntos depois tocávamos a música. Fazíamos as coisas à moda dos Weather Report. Nos Weather Report, tens músicas que são do Jaco Pastorius, outras que são do Joe Zawinul e outras que são do Wayne Shorter, por exemplo. No AILERON, as coisas foram feitas dessa maneira. No segundo, operamos mais como uma banda e contribuímos todos de forma igual para o álbum. E nota-se. As composições, digamos, são menos estruturadas.

Isso resultou que numa canção como a “Penha” possa existir aquele break a meio de drum and bass?

Sim. Por exemplo, uma curiosidade: a “Penha” e a “INOX” passaram por processos semelhantes, ou seja, foram completamente regravadas depois de as termos gravado pela primeira vez. Como gravamos com multipistas, aproveitamos as pistas de bateria de cada malha e recompusemos a música por cima dessas pistas de bateria e a canção ficou completamente diferente. Isto são exemplos práticos do que aconteceu em grande parte do álbum. Por exemplo, quando a “Penha” entra nessa parte mais eletrónica, não foi premeditado existir essa secção. Surgiu de forma espontânea.

Essa liberdade criativa é crucial para YAKUZA?

Completamente. Aliás, digo mais. Acho que é isso que nos distingue dos outros projetos que estão na mesma caixinha que nós. Nós não compomos da mesma maneira que eles. Nós fazemos uma espécie de anti-composição. Porque a música compõe-se sozinha. Nós servimos o groove [risos]. É um bocado por aí. Servimos o flow da música e a vibe. É por isso que a música acaba por se compor um bocado sozinha. A composição não é um trabalho que nos exija muito foco, dedicação e tempo, e que nos represente artisticamente. É um produto do nosso coletivo e isso é mais genuíno ainda. Não há mais genuíno que isto. YAKUZA é o que a gente cria em conjunto, é o produto do nosso coletivo. As composições são composições simples. Se um dia eu morrer, não vou dizer para irem ouvir a “Penha” porque aquilo representa-me artisticamente. Não. A “Penha” não é a minha Nona Sinfonia [risos]. Se eu morresse, indicava outra coisa que me representasse artisticamente e que não tem nada a ver com YAKUZA. O Afta e o Ferreira diriam a mesma coisa.

Fotografia: Mariana Correia
Fotografia: Mariana Correia
À semelhança do AILERON, vão existir fazer remixes para faixas do 2?

Não temos nada planeado, por acaso. Estamos mais interessados em fazer discos de música ao vivo, como o do Iminente [Live at Festival Iminente, Lisboa, 2022].

Têm a gravação de algum concerto em mente para lançarem?

Temos uma excelente gravação do concerto da ZdB. Portanto, pode ser que venha a acontecer [risos].

Vão tocar na nova sala do Coliseu em abril. Até lá, têm alguma coisa antes para anunciar?

Temos qualquer coisa antes, penso. Mas não temos música nova para lançar, apesar de termos muita música gravada.

Houve muita coisa que ficou fora do 2?

Imensas coisas. Temos muita música que gravamos depois de termos fechado o álbum.

YAKUZA é um projeto que está sempre em constante processo de composição?

Não é bem constante. Mentiria se dissesse que sim. Mas existem fases em que gravamos coisas. Temos para aí cinco músicas gravadas com bateria, com bom som, em que só precisamos de começar a reconstruir por cima disso. Mas não queremos fazer isso ainda porque estamos à espera de deixar amadurecer este disco para não ser uma coisa artisticamente tão próxima. Para isso, tem de passar algum tempo. Tenho de ouvir muitos mais genéricos de séries para me influenciar antes de YAKUZA lançar o próximo disco [risos].

Os YAKUZA tocam 2 ao vivo a 1 de março, no Maus Hábitos no Porto, e a 19 de abril no Coliseu Club, a nova sala do Coliseu dos Recreios, em Lisboa, numa noite curada pelo Rimas e Batidas.

Fotografia de destaque: Mariana Correia

Cucujanense de gema, lisboeta por necessidade. Concluiu um curso de engenharia, mas lá se lembrou que era no jornalismo musical e na comunicação onde estava a sua vocação. Escreveu no Bandcamp Daily, Stereogum, The Guardian, Comunidade Cultura e Arte, Shifter, A Cabine e Público, foi outrora co-criador e autor da rubrica À Escuta, no Espalha-Factos, e atualmente assina textos no Rimas e Batidas e, claro está, na Playback, onde é um dos fundadores e editores.
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