Editorial #31

Setembro é mais início do que janeiro. Esgotado o sol do verão, canalizam-se energias para o regresso à rotina. Para uns, o processo exige ruturas drásticas com o calor das férias; outros aproveitam as reminiscências de semanas passadas para reunir as forças necessárias. Na Playback, não somos imunes a estes movimentos. Uma vistoria rápida à edição desta quinzena pode apontar ao primeiro mecanismo de lidar com o Estio que se desvanece, elencando múltiplas viagens aos festivais por onde passámos: a Ana Margarida Paiva serve-se do concerto de Kenya Grace no NOS Alive para visitar o seu álbum de estreia The After Taste, o Eduardo Ribeiro leva-nos às margens do Taboão evocando o paraíso tropical dos Quadra e o José Duarte partilha o seu diário do Sonic Blast numa reportagem que só podia ter honras de capa. O Miguel Rocha preferiu despedir-se da “banda favorita da tua banda favorita” (ele diz que podiam ser, eu digo que já são), os black midi. Mas estas incursões pelo passado – é sempre mais fácil discorrer sobre o que já aconteceu – deixam em aberto o entusiasmo do futuro.

Bem sabemos que este capitalismo tardio não é para velhos, nem para novos, mas a música mantém-nos à tona. E é agarrados a ela que seguimos em mais um ano de trabalho.

O primeiro artigo que escreveu sobre música eletrónica foi para o jornal da escola. Continuou a escrever, passou por uma grande promotora, mas foi na rádio que alimentou a maior paixão. A sua voz atravessou a antena de quase uma dezena de estações, mas teve residência permanente na Oxigénio durante cerca de cinco anos. Mais tarde, fundou o Interruptor. Atualmente é uma das responsáveis pela campanha Wiki Loves Música Portuguesa.
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