Em janeiro de 2023, com o single “Porque Te Quero”, Inês Laranjeira apresentou ao mundo o seu alter-ego: Inês Monstro. Seguiram-se os temas “Tanto Tempo” e “Hipnose”, e, no passado dia 6 de outubro, lançou o seu tão aguardado álbum de estreia a solo, Brilho. É composto por oito faixas e conta com o contributo de Choro na produção musical, e Rita Onofre e Matheus Paraizo no apoio à lírica e composição harmónica. Um álbum que abre espaço para falar de persistência, (des)amor, drama e liberdade, palavras que se entrelaçam com uma sonoridade que é exuberante e disruptiva, navegando os universos da pop, hyperpop, reggaeton, kizomba e rock.

Inês Monstro tem sido um dos nomes a ascender nos últimos anos na vaga de artistas portugueses que pretendem quebrar barreiras. Tornou-se conhecida aos dezasseis anos após participar na 3.ª edição do Ídolos, tendo depois sido a vocalista da banda MISS TITAN, onde cantava em inglês.

Numa tarde a adivinhar chuva, Inês Monstro recebe-nos no Zoom, mas nem por isso deixa de nos acolher como se estivéssemos efetivamente em sua casa. Falou-se sobre o seu trajeto desde as suas primeiras memórias musicais até à sua estreia em formato longa-duração.

Capa Inês Monstro - Brilho
Capa Brilho. Fotografia por Filipe Feio, artwork por Rodrigo Correia Pires
O seio familiar enquanto ponto de partida para a criação

“A música sempre fez parte da minha vida”, começa por revelar Inês. Quem diz música, diz teatro e dança. Arte, no geral. Se hoje é a artista que é, com um variado leque de influências artísticas, deve-se essencialmente aos seus pais, que “tiveram um papel fundamental”. Não, enganam-se, nenhum deles é músico, nem qualquer membro da sua restante família, embora o seu avô materno já tenha tido uma banda de rock quando era miúdo. Hoje em dia, a sua mãe é designer de moda, mas já trabalhou como figurinista no Teatro da Garagem, em Lisboa, precisamente onde Inês começou a ganhar um certo fascínio pelo conceito de espetáculo. Já o seu pai é arquiteto. Mas o que é certo é que ambos criaram hábitos culturais que, de certa forma, acabaram por a influenciar, desde comprar CDs, ir a concertos, ao teatro e a museus. “Não houve ninguém que me tenha incutido a música. Penso que por ouvir-se tanta em minha casa, isso acabou por me contaminar, no bom sentido”, relembra. Encantada pelos CDs que os seus pais tinham em casa, recorda que ouvia muito jazz, MPB e world music. Conta-nos ainda que começou a expressar-se primeiro através da dança e, só depois, através do canto.

Se há algo pelo qual Inês se sente altamente agradecida é o facto dos seus pais terem investido muito nos seus interesses. “Os meus pais deram-me sempre muita liberdade para escolher as atividades que eu quisesse”, conta. Prova disso é ter praticado karaté, sendo que, na altura, queria sapateado, só que “não havia turma”. Por volta dos onze anos, encontrou na música “um escape”, percebendo que era algo em que tinha que apostar. “Sinto que estava dentro de mim: a procura pela música e pelos instrumentos”, acrescenta – e assim foi. Iniciou com aulas de guitarra – por ter herdado uma do seu avô paterno – e passou pelo piano, mas foram experiências “muito passageiras”, uma vez que o que queria verdadeiramente era o canto. “Só quando tive uma professora de canto é que fiquei mesmo entusiasmada”, recorda com um brilho nos olhos. O que lhe fazia o coração bater mais forte era “ser vocal” e “escrever poemas”.

Contudo, não se ficou por aí e partiu para a descoberta, navegando pelo pop, rock, metal, metalcore, nu metal, hardcore, stoner, salsa, rumba e outras tantas sonoridades. “Desde muito cedo que fui estimulada a ouvir coisas diferentes”, confessa. Ora ouvia uma Ella Fitzgerald, como ouvia uma Britney Spears. Ora uns The Doors, como uma Avril Lavigne. Ora uns The Beatles, como uma Shakira. Ora uns Led Zeppelin, como uma Nina Simone. “Nós temos moods diferentes. Portanto, eu tanto posso acordar de manhã super feliz e apetecer-me ouvir um género musical que vai traduzir o meu estado de espírito, como depois à tarde já me sinto triste e vou ouvir outra coisa”, defende Inês. “Para mim, a música acompanha o nosso lado emocional e tem o poder de nos ajudar a ultrapassar determinados momentos”, completa o raciocínio. Inês é daquelas pessoas a quem podemos chamar de eclética. Não recusa ouvir nada, dando sempre o “benefício da dúvida” (não devíamos ser todos assim?). Claro está, não deixa de ter preferências, mas, lá no fundo, sabe que o seu corpo vai sempre “vibrar” com alguma coisa, seja um verso, seja uma melodia, seja um arranjo. Ora, esta “procura por sonoridades mais retro” acabou por “influenciar” a sua passagem pelo Ídolos, como a própria nos conta.

Para sempre, nos nossos corações, um Ídolo de Portugal

Com o sonho (ainda presente) de ser realizadora de cinema, Inês estava a estudar audiovisual no secundário quando decidiu inscrever-se no Ídolos. O que ela não sabia é que esta experiência lhe ia mudar os planos. “Com o Ídolos, descobri o quanto queria estar num palco”, relembra. Esta mudança de perspetiva levou-a a abandonar o curso de audiovisual e a apostar num curso de teatro na EPI – Escola Profissional de Imagem. Mais tarde, foi para a ESTC – Escola Superior de Teatro e Cinema, onde se formou como atriz. Os “mecanismos” e “ferramentas” que Inês adquiriu durante a licenciatura não só “traçaram um novo caminho”, como “determinaram a performer e a cantora” que é hoje. Tinha dezasseis anos quando conquistou o quarto lugar na 3.º edição do Ídolos, em 2010. Passado treze anos, continua a ser uma das experiências que mais a marcaram. “Sinto que fui tão acarinhada e, ainda hoje, tenho malta a vir ter comigo a dizer que votava em mim. Isso é incrível”, conta-nos. “Fez parte do meu percurso e construiu-me enquanto pessoa e artista. Orgulho-me imenso do repertório que levei”. Com o Ídolos, Inês também descobriu o quanto queria dar concertos. Segundo a própria, todo o processo era “bastante livre”, no sentido em que podiam fazer as versões que quisessem da maneira que quisessem. “Talvez por isso é que eu consegui levar a minha essência até ao fim”, pressupõe.

Inês relembra que, na altura, as redes sociais ainda não estavam em alta e o hábito de ver televisão era muito maior, daí o Ídolos ter-se tornado “um fenómeno tão gigante”. Na sua opinião, continua a ser “uma super plataforma para lançar novos talentos e para estar em contacto com o mundo da televisão e da música”. É talvez mais importante nos dias de hoje, tendo em conta toda “a competição” que se cria por dentro das redes sociais. Nesta realidade, alguns artistas precisam apenas deste tipo de “empurrão”.

Não há tempo nem espaço para desistir

Isto levou-nos a conversar sobre escolhas. “Tu podes fazer muitas coisas. Tu podes ser muitas coisas”, começa por intervir Inês. “Não quero fazer só uma coisa. Quero explorar ao máximo as minhas potencialidades: fazer audições para o teatro, fazer filmes, escrever para outras pessoas, fazer o meu próximo álbum, tirar outra licenciatura, etc.”, conclui num tom sonhador e esperançoso.

E a pergunta que não quer calar: porquê Monstro? “Não te sei dizer. Não sei se andava a ouvir Ornatos Violeta [risos]. Mas recorda-se que o optar por um nome que não Inês Laranjeira surgiu na época do Ídolos quando decidiu criar uma página “para ter mais privacidade online”. Desde então, todos à sua volta começaram a chamar-lhe Inês Monstro e assim ficou. Também acabou por adotar o nome no mundo artístico, tornando-se o seu alter-ego. “O nome do projeto é Inês Monstro. Sinto que este nome escolheu-me, como tudo na minha vida”, afirma.

Inês Monstro ao vivo no Musicbox. Fotografia: Rita Seixas
A carreira de Inês Monstro é uma montra para a sua resiliência. Fotografia: Rita Seixas

Durante estes últimos anos, Inês Monstro não baixou os braços; não parou por um momento. Munida de resiliência, batalhou no mundo artístico como ninguém. Trabalhou ao lado de coreógrafos, diretores musicais, cantores, atores, bailarinos, etc, que a “conduziram a ter outras perspetivas”. Se já pensou em desistir? “Claro que sim”, como todos nós, em certos momentos. “Não tenho dúvida do meu valor enquanto artista, nem daquilo que consigo e sei fazer, mas acho que as pessoas não têm noção do que é ser-se um artista independente em Portugal”, afirma. O mais difícil é “a falta de apoios”, mas a “disciplina”, a “fé” e a “resiliência” têm que caminhar sempre ao nosso lado. Inês conta-nos que já teve três a quatro trabalhos ao mesmo tempo, fazendo ainda um esforço para manter uma vida social ativa. “Mais vale isto do que desistir”, acredita. “Imagina que chegas aos sessenta anos… Vais pensar na vida que não viveste? Nas escolhas que não fizeste? Nas frases que não disseste? Nas canções que não cantaste? Nos espetáculos que tiveste medo de fazer? Não pode ser assim. É preciso viver e aproveitar”, coloca-nos a pensar. O erro está lá sempre, a falha está lá sempre, mas é isso que nos faz crescer.

O Brilho de Inês Monstro

“Se eu não tivesse mudado de curso, este Brilho não existia”, afirma. Inês conheceu Rita Onofre e Miguel Laureano (Choro) enquanto tirava o curso de teatro no secundário. Na altura, Rita e Choro formavam os Sease, com quem Inês chegou a colaborar na faixa “Alone Together” do primeiro EP da dupla, When Lost At The Ocean, A Fellow Comes Out. Depois disso, embora tenham permanecido em contacto, seguiram caminhos diferentes, mas, pelos vistos, o destino insistiu em voltar a juntá-los.

Foi em 2021 que Inês começou a conceptualizar Brilho. Até então, escrevia maioritariamente em inglês, tanto para MISS TITAN como para outros projetos que fizeram parte do seu trajeto. “Houve ali uma altura, talvez por influência de começar a ouvir mais música portuguesa” que decidiu sair da sua zona de conforto e começar a escrever em português. Uma vez que não tinha “tanta habilidade”, não hesitou em chamar Rita para a ajudar na lírica e na composição harmónica – “a colaboração mais marcante que fiz até hoje” – e, mais tarde, Choro para produzir as canções – “uma colaboração que sempre sonhei fazer”. O que inicialmente era para ser um EP, devido ao escasso repertório, acabou por virar um LP, o que significa que a criatividade não parou. “Fomos para estúdio, fizemos imensas sessões juntos e acabei por alargar para um álbum”, recorda.

Num tom autobiográfico com umas pitadas de ficção, Inês elaborava poemas sem um conceito pré-definido. “Simplesmente, ia escrevendo as canções e, aos poucos e poucos, ia desvendando sobre o que era o projeto”, diz. Durante este processo, começa a fazer interligações entre os temas, não só através da narrativa das histórias, como também da repetição de palavras e ideias. “Por exemplo, eu não tenho nenhuma canção chamada “Brilho”, no entanto é uma palavra que se repete muitas vezes ao longo do alinhamento. Há canções que se interligam e há canções que são espelho uma da outra”, explica.

O álbum abre com uma groove carregada de pop que se pega ao corpo, “Porque Te Quero”, tema que serviu de apresentação ao LP e que transpira perseverança e amor próprio. E fecha com “P’ra Deixar Tua Calma”, mergulhada em dor e raiva, uma canção altamente experimental que se metamorfoseia de forma progressiva, desafogada e destemida, deixando um sabor metálico na boca, fazendo evocar uns Deftones. Como nos diz Inês, a “P’ra Deixar Tua Calma” é o “upside down” da “Porque Te Quero”, portanto ambas tanto podem ser “o início da história”, como “o fim da história”, criando uma sensação de “full circle”.

Segue-se a “Tanto Tempo”, embebida em pop (mais uma vez), que descreve uma relação amorosa tóxica prestes a terminar, onde a falta de “comunicação” dá lugar à “traição”. Carrega ainda a ideia de “fantasmas” que habitam dentro de nós a que a “Sina” acaba por dar seguimento, como se fosse uma “segunda parte”. Nesta navega pelas ondas do hyperpop, trazendo à baila nomes como Björk, Sevdaliza e Arca.

Depois ouve-se “Nunca Te Esqueço, Meu Amor”, um interlúdio a soar nostálgico o suficiente para nos fazer pensar que estamos a ser transportados para um filme de Pedro Almodóvar. Inspirada pela canção “Espérame En El Cielo” (versão de Antonio Machín), a roçar no fado, retrata a ideia de um amor colossal por alguém. Mas uma vez que a música de Inês nos leva a diferentes interpretações, também podemos compreender esta faixa de curta duração enquanto “devoção” àquilo que se quer fazer o resto da vida. Pelo meio, esbarramo-nos com a grande balada do álbum, “Voltar”. Escrita em tempos de pandemia, durante uma fase carregada de incerteza, foi com este tema que Inês percebeu que estava na hora de escrever sobre “vulnerabilidade e dor” e sobre “sensações amargas que ficam de pessoas que partem das nossas vidas porque assim tem que ser”. Aqui as lágrimas escorrem com facilidade, garanto-vos.

Para a “Perto”, Inês chamou Matheus para criar uma fortíssima malha a roçar no kizomba e no reggaeton, a fazer ressoar vibes de Bad Bunny e C. Tangana. “É uma canção sobre tensão, sexualidade e tesão, que é uma coisa que as pessoas normalmente não escrevem sobre e, portanto, apeteceu-me”, revela. É a descrição daquele típico dilema de: “sabemos que a pessoa não nos faz bem, mas ainda assim queremos estar com ela, então é tipo uma droga que tomamos e não conseguimos largar”. Por fim, a “Hipnose”, um autêntico banger pop, ruma pelo mesmo caminho, no sentido de atração – quase que um “íman”. O título é explícito: estar hipnotizado por algo ou alguém. Inês conta-nos que foi a primeira vez que não se levou muito a sério ao escrever, pensou apenas “ok, diverte-te a escrever, diverte-te a cantar” – a prova que, por vezes, temos só de apanhar a onda e curtir simplesmente o processo.

Uma coisa era certa, Inês sabia que queria escrever um álbum que contasse uma história e levar a que as pessoas tirassem “as suas próprias interpretações e conclusões”. No fundo, a magia da música está aí. “O Brilho traduz muito bem a minha personalidade – os meus gostos, as minhas ideias, a minha escrita, etc”, partilha. Em termos líricos, Inês consegue manter o nível de destreza sempre elevado trazendo versos charmosos sobre o que quer que seja. “Gosto da ideia de não ter amarras. Gosto de um dia estar a escrever sobre uma coisa e, no dia seguinte, estar a escrever sobre outra. Nós temos muitas camadas e podermo-nos libertar disso é incrível”. Em termos sonoros, Brilho é o reflexo de alguém que passou uma vida a escutar diferentes géneros musicais. Enquanto artista, Inês diz que não lhe faz sentido focar-se num só estilo, se o fizesse estaria a negar todas as suas influências – “para mim, não existem regras”. Permitam-me dizer que temos aqui um dos álbuns mais ecléticos lançados este ano. “Isto é perfeito, porque este álbum não revela absolutamente nada do que vem daqui em diante”, diz-nos entre doces gargalhadas.

Inês Monstro no Musicbox. Fotografia: Rita Seixas
Brilho é o reflexo eclético das múltiplas inflûencias de Inês Monstro. Fotografia: Rita Seixas

Guardou-se também tempo para falarmos sobre a palavra «brilho» que tantas vezes ecoa durante a escuta do álbum. “O título para o disco ficou decidido logo no início”, começa por desvendar. Desde então, conta que foi começando a desmembrar o conceito de «brilho» até descobrir o que poderia significar nesta narrativa. “Se pensares na personagem desta história enquanto heroína, ela está à procura do quê? Dela própria”, elucida. No fundo, este «brilho» significa “caminho”, “luz” e, acima de tudo, “a nossa essência”.

Quanto à receção por parte do público, não esconde por um segundo a felicidade que mora dentro dela. “Estou a fazer a música que eu sempre quis fazer e, a sério, só o facto de saber que há pessoas que, dentro de uma super plataforma musical, escolhem ouvir e partilhar a minha música deixa-me honrada e feliz o suficiente para continuar”.

O palco dá lugar ao sorriso de orelha a orelha de Inês Monstro

Inês recorda que a primeira vez que tocou algumas das canções que dão vida a este Brilho foi no concerto de apresentação do primeiro EP de iolanda no Tokyo Lisboa (eu estive lá e foi mesmo surreal!). Apresentou-se em palco com NED FLANGER à guitarra e, neste momento, já deu indícios da extraordinária performer que tem dentro de si. “Nesta oportunidade que tive, já trabalhei um pouco a fisicalidade com a ajuda da Sasha Costa, que é a minha coreógrafa”, conta. O momento da “Hipnose” foi um exemplo perfeito deste trabalho a dois. “Sempre soube que a dança ia ser algo a explorar, eventualmente”, acrescenta. O videoclipe da “Sina” que surgiu mais tarde (liderou a direção criativa como dos restantes videoclipes) veio comprovar isso mesmo – inspirado num universo de super-heroínas com a participação de bailarinas de K-Pop e na imagética do filme Matrix.

Esta encenação sonora foi transportada para o Musicbox, no dia 19 de outubro, onde se deu a tão aguardada apresentação do seu primeiro longa-duração. “Já vi e já levei outros projetos ao Musicbox e, então, pensei que queria fazer algo que ainda não tinha visto acontecer por lá”, conta. Inês Monstro fez-se acompanhar por Eugénia Contente e Alex Sweeney nas guitarras, e pelas bailarinas Sasha Costa e Meg Reis, e juntos ofereceram ao público presente um autêntico espetáculo – mais do que um concerto propriamente dito. Inês explica que “foi mesmo pensado enquanto espetáculo, ser cantado era só uma das vertentes”. Como a própria ainda nos conta, a malta já sabia que era “inevitável” não levar a sua experiência do teatro para cima do palco, mas o feedback não deixou de ser “muito bom”.

Inês já anda a pensar no concerto que irá dar no próximo dia 25 de novembro, no Super Bock em Stock, em Lisboa. “Vai ser ligeiramente diferente do Musicbox”, adianta. “Mas aí é que está o encanto: o espetáculo está sempre a mudar, porque eu estou sempre a mudar. Tu podes ir ver o do Super Bock em Stock e ser uma coisa e, depois, ires ver a outro sítio e ser completamente diferente”. Ao fim e ao cabo, Inês Monstro acredita que está a traçar “um caminho honesto”. Onde este caminho nos vai levar nos próximos tempos, Inês ainda não revelou nada. O objetivo é “viajar pelo país” com este espetáculo – e não só. “Levem-nos para fora daqui, também precisamos de mostrar a nossa música lá fora” [risos].

Falou-se sobre o futuro, e se há coisa que Inês Monstro aprendeu a não ter é expectativas. “Não posso estar a fazer uma coisa a pensar que isto ou aquilo pode/vai acontecer”, afirma. Sonhos e ambições tem a dobrar e nada a vai fazer parar. “Só há uma única coisa que eu consigo controlar que é dar sempre o meu melhor em cada momento”. Os melhores resultados advém normalmente de decisões ponderadas. “Neste momento, Inês Monstro já não sou só eu. É um projeto que envolve muitas pessoas a pensarem num objetivo”, remata. Se forem ver um concerto de Inês Monstro, garanto-vos que ela vai deixar bem transparente que é em cima de um palco, a cantar, onde se sente “mais feliz”.

Inês Monstro é um dos maiores exemplos de persistência no atual panorama musical português. Treze anos depois de uma das experiências mais marcantes da sua vida, regressa em força com o lançamento do seu primeiro álbum. “Estava tudo alinhado para ser o aqui e o agora”, termina.

Inês Monstro atua na próxima edição do Super Bock em Stock a decorrer nos dias 24 e 25 de novembro, em Lisboa.
Fotografia de destaque: David Oliveira

Nascida e criada em Aveiro, mas com a Covilhã sempre no coração, cidade que a acolheu durante os seus estudos superiores. Já passou pelo Gerador, e pelo Espalha-Factos, onde se tornou coautora da rubrica À Escuta. Uma melómana sem conserto, sempre com auscultadores nos ouvidos e a tentar ser jornalista.
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